• segunda-feira, 25 de outubro de 2021

    Moita: "Em tarde pelos toureiros destacaram Rouxinol, Dias Gomes e Telles filho"

     

    Realizou-se na tarde do passado domingo na Moita do Ribatejo uma corrida que marcava o centenário da Associação Nacional dos Toureiros, a reverter para o Fundo de Assistência dos Toureiros, uma obra criada por e para os próprios artistas que acabaram por ser os que menos se viram nas bancadas da Daniel do Nascimento. Uma tristeza quando foram os próprios toureiros que aqui há uns anos reivindicaram a realização de um festejo de beneficência, para depois...não aparecerem.

    Inicio o relato pelo toureio a pé, e por Manuel Dias Gomes, que lidou um toiro de Calejo Pires. O toiro deixou-se lidar, faltou-lhe um pontito de raça e transmissão mas foi nobre, metia a cara e permitiu ao Manuel uma faena agradável por ambos os pitóns. O matador luso recebeu o toiro por verónicas templadas, rematando com meia verónica. Saiu ao quite que lhe correspondia, outro matador de toiros português, Cuqui, por chicuelinas e tafalleras desluzidas por alguns enganchões. Replicou Manuel Dias Gomes por gaoneras rematadas por revolera. O tércio de bandarilhas foi superiormente executado por Joao Ferreira que saudou de montera em mão. Na muleta, o toiro foi bom por ambos os pitóns, e Dias Gomes entendeu o toiro e templou-o desde início. Desfrutou e fez desfrutar nas bancadas. O toiro foi nobre e teve qualidade, faltando apenas um pouco mais de raça e transmissão nas investidas. Nota positiva para Dias Gomes nesta tarde na Moita.

    A Joaquim Ribeiro "Cuqui" saiu-lhe um toiro de David Ribeiro Telles completamente impróprio para consumo, diria até que por fisionomia e hechuras, deixou muito a desejar e deveria haver o cuidado ganadero em se mandar um toiro destes para uma praça de toiros. Toiro grande, alto de mãos, comprido, gravito, de cara aberta, tudo ao contrario do que é a fisionomia do animal bravo. De comportamento foi manso perdido, nunca humilhou (era também impossível pela fisionomia dele), investia de repelões, fugido, a arreões... Enfim, uma toiro para pegar um bronca gorda ao ganadero…outros tempos e outras tauromaquias. Cuqui esteve como pôde, com mérito e valor para se por na cara deste animal, e pouco mais. Bem tentou e acabou a faena por se tornar um pouco pesada, por querer o toureiro tentar o impossível. Mas “lo que no puede ser, no puede ser... y además es imposible”.

    No que a cavaleiros diz respeito, abriu funções Rui Salvador com uma lide correta quer nos compridos quer nos curtos, frente a um toiro muito colaborante que não pôs complicações e fácil de lidar. 

    Tocava a Luís Rouxinol, ser o segundo da ordem, e ainda recebeu o seu toiro, animal com transmissão mas que se inutilizou quando se arrancou para o terceiro comprido. O toiro foi devolvido aos currais e por decisão dos promotores da corrida, tendo em conta até o simbolismo do festejo, e ainda que não fosse obrigatório por regulamento, regalou-se o sobrero para que Luís Rouxinol pudesse tourear. E fê-lo muito bem. Mas já lá vamos... 

    Face ao sucedido seguiu turno e toureou Ana Batista, que lidou um toiro menos fácil na lide e preparação dos ferros, emparelhando-se com os cavalos e tapando-se, sendo no entanto colaborante no momento do ferro. Ainda assim uma tarde não muito feliz para a cavaleira de Salvaterra.

    Luís Rouxinol lidou um sobrero da ganadaria David Ribeiro Telles, que de hechuras e comportamento foi quase igual ao lidado a pé por Cuqui. A diferença é que um manso destes é mais fácil de lidar a cavalo. E Rouxinol, é por norma nestes toiros difíceis que sobressai e um toureiro de dar volta às dificuldades, e deu de forma triunfal. Compreendeu perfeitamente o manso que lhe tocou logo de saída. O toiro nos capotes tinha exactamente o mesmo comportamento que o seu irmão lidado a pé, mas Rouxinol pôde com ele desde o inicio. Deitou-lhe a mão, lidou-o, pisou-lhe os terrenos e entrou pelo toiro adentro para cravar de forma espectacular, uma vez que o toiro saía dos ferro sempre com a cara por cima da garupa do cavalo. Triunfo sério de Rouxinol!

    Actuou ainda António Ribeiro Telles filho que lidou um bom toiro de Joaquim Brito Paes.O toiro colaborou sempre, teve mobilidade e foi pronto toda a lide, António lidou-o muito bem, nota-se que tem muito sentido de lide. Estando muito bem a preparar as sortes e na cravagem soube medir as viagens, pisar os terrenos e reunir perfeitamente. Muito boa actuação de António Ribeiro Telles filho que participou neste festejo em substituição do pai.

    Nas pegas pegaram pelos Amadores da Moita, David Solo à primeira, e Fábio Silva à segunda. E pelos Amadores de Alcochete, Victor Marques à segunda tentativa, e José Freire à primeira tentativa.

    Dirigiu a corrida Ricardo Dias assessorado pelo médico veterinário Jorge Moreira da Silva.


    Por: João Afonso