Já diz a letra do fado ‘Campinos do Ribatejo’, popularizado por Amália Rodrigues: “…gente feliz, gente sã. Nem sabe como os invejo, ao vê-los pela manhã!”, pois que não estivemos em Vila Franca a ver os campinos passar mas é de invejar a força da afición que, durante os dias 1 e 4 de Fevereiro, se viveu em Mourão, e isso às vezes faz mossa a muita gente!
Duas tarde de casa completamente cheia, de enorme ambiente, e principalmente, de muito bom toureio.
Mais uma vez também, Mourão a ser uma referência no exemplo, nos pormenores… Hoje, a conceituada e já popular entre os aficionados à tauromaquia, Banda Municipal Mouranense, não actuou no Festival por falecimento de um antigo elemento, sendo substituída por outra congénere. Ainda assim, alguns elementos da filarmónica mouranense, marcaram presença abrindo as cortesias como sinal de respeito ao festejo para onde estavam alocados, bem como de homenagem a Joaquim Feijão, por quem se fez um minuto de silêncio.
Do festejo em si trazemos as melhores memórias do toureio a pé!
Uceda Leal, repetente nesta praça, foi protagonista de uma grande faena perante um novilho bravo. Levou sempre a muleta templada, com recorrido, principalmente pela direita, sendo autor de um toureio desmaiado… e aproveitando uma rês com qualidade e sempre a investir humilhando. Honras de volta à arena ao ganadero.
Borja Jimenez teve a fava do festival, um manso a descair para tábuas, sempre a fugir… à qual outra qualquer figura porventura teria dado a faena por terminada com as condicionantes que a rês apresentava… mas Borja não! Fez magia! Sacou água de um poço seco… Toureou, e de que maneira, obrigando o manso a investir humilhado e os momentos mais emocionantes de toureio aconteceram por sua graça! Olé!! Olé!!
Juanito andou enraçado com o que lhe tocou em sorte, recreando-se e variando nas sortes. Chegou facilmente ao público que sempre o acarinha e incentiva.
Jorge Martinez teve pela frente outro nobre murteira grave, codicioso e de muita durabilidade, sempre a investir. O matador espanhol porfiou um toureio fino, de bom corte e maneiras, perante outro novilho que humilhou e proporcionou bom toureio.
A cavalo houve mais inconstância de resultados.
Filipe Gonçalves abriu praça perante um toiro manso que se mostrou desinteressado, a descair para tábuas e a faltar nas reuniões o que condicionou o desempenho do cavaleiro, que cumpriu a papeleta com uma actuação em crescendo.
Tristão Telles de Queiroz teve um novilho pronto e voluntarioso. Iniciou bem nos compridos para nos curtos oscilar de resultados, condicionado a investida do toiro com as batidas que levavam a passagens em falso ou ferros de má colocação. Emendou mão e finalizou com um bom ferro, de frente e alto a baixo.
Tarde feliz para os Amadores de Beja com duas actuações de valor à primeira tentativa por intermédio de Nuno Barreto e Alexandre Rato.
Lidaram-se reses de Murteira Grave, bem apresentados para o tipo de festejo e praça em questão, de comportamento superior o terceiro e sexto da tarde, bons os restantes e com condicionantes o primeiro (do ano 2020) e o quarto, e ainda assim, todos investiram e humilharam…
Uma tarde com momentos para memória futura e oxalá Mourão continue a ser exemplo de bom gosto taurino e…fora da caixa.