Crónica | Êxito artístico e de público em Évora
Festival com muitos aliciantes, o da Gala da Tauromaquia e que se realizou ontem, sábado, na Arena d’Évora, com casa cheia e triunfo dos artistas, numa tarde muito agradável no que a toureio diz respeito e com muito público jovem, quiçá por força da festa do Forcado que teve lugar durante a manhã e onde a dupla de cernelheiros dos Amadores de Vila Franca foi a vencedora em disputa directa com os de Alenquer. Êxito artístico e de público, o que é sempre de realçar pois o cartel conseguiu encher a praça e o ambiente foi muito bom.
Abriu praça João Moura Caetano frente a um muito bom novilho com ferro de Irmãos Moura Caetano que mostrou nobreza, suavidade nas investidas e muita disponibilidade para investir com classe. Classe e arte é assim que podemos classificar a grande actuação de João Moura Caetano a abrir este festival. Bem medida a brega, de proximidade, em curto, distâncias correctas para a abordagem das sortes que foram boas e muito boas. Um bom prenúncio para o que virá na temporada.
João Moura Jr. lidou bem um novilho de Alves Inácio que serviu mas sem romper. A lide, teve momentos interessantes na brega e alguns ferros que chegaram ao público, nomeadamente o 2º curto, rematando com 2 de palmo.
Em terceiro lugar actuou João ribeiro Telles com uma boa lide a um exemplar com ferro de Herds. David R. Telles que cumpriu. Bem na brega, deixou bons curos destacando-se no que encerrou a sua lide, montando o Ilusionista.
Encerrou o capítulo das lides a cavalo Francisco Palha frente a um novilho de Alves Inácio que mostrou qualidade. Francisco esteve bem na brega e na preparação das sortes com destaque para a preparação e cravagem dos 2º e 3º curtos numa lide mérito.
Em praça apresentou-se uma Selecção de Forcados capitaneados por Nuno Megre. Assim, e consumando todos ao primeiro intento e dando volta à arena com os cavaleiros, foram forcados de cara Nuno Marques (Chamusca), Francisco Mira (Lisboa), Vasco Pinto (Alcochete) e Gonçalo Mira (Évora) numa pega muito aplaudida pelo seu público.
No capítulo do toureio a pé, Manuel Dias Gomes recebeu o seu novilho, de Murteira Grave e este embateu num burladero com alguma violência partindo um pitón e sendo de imediato devolvido aos currais e substituído pelo sobrero da mesma ganadaria e que acabou por se entregar na faena de muleta. Este sobrero foi recebido com uma larga cambiada de joelhos e algumas verónicas rematadas com meia, iniciando bem a faena de muleta por baixo e por ambos os pitóns, havendo a registar uma excelente série com a mão direita, largos e profundos os passes, com a rês muito submetida, numa faena de muito valor e qualidade artística, com o público a premiar o toureiro com ovações e volta no final.
O novilheiro Tomás Bastos enfrentou um novilho que teve qualidade mas pouca força, da ganadaria de Calejo Pires. Recebeu com verónicas, duas meias e larga. Bandarilhou, com destaque para o segundo par que foi o melhor. A faena de muleta teve qualidade, em especial pelo lado direito já que ao natural o novilho ficava muito curto. Bons momentos que chegaram ao público. Ainda sofreu uma voltareta, no final de uma série de manoletinas, felizmente sem consequências e foi muito acarinhado pelo público.
As reses foram recolhidas a cavalo com muita eficiência por campinos das casas Calejo Pires e Alves Inácio.
Dirigiu o espectáculo Maria Florindo assessorada pelo veterinário Carlos Santana.
Texto: António Lúcio