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    Cultura| Lançamento do livro “2008/2023 – 15 anos a honrar a jaqueta das ramagens”



    No próximo dia 2 de Abril, data em que se comemora mais um aniversário da Associação Grupo de Forcados Amadores de Arruda dos Vinhos, será lançado pelas 19H30, no Auditório Municipal do Palácio do Morgado em Arruda dos Vinhos (programa e convite em anexo), o livro “2008/2023 – 15 anos a honrar a jaqueta das ramagens”, da autoria de António Lúcio. Deixamos um excerto do Prefácio da autoria de Catarina Bexiga e da Introdução escrita pelo autor.





    “15 ANOS DO GRUPO DE FORCADOS AMADORES DE ARRUDA DOS VINHOS

    UMA AVENTURA PARA A VIDA! Por Catarina Bexiga

    Arruda não é só terra de Vinhos. A nossa terra conta com um cenário histórico e paisagístico único; mas também com um vasto património cultural arreigado nos costumes e tradições da população. Arruda é terra de Gente que sabe estar e tem gosto em receber, um povo de sorriso aberto e franco. É terra de Gente com Fé, pela devoção que tem a Nossa Senhora da Salvação, manifestada, particularmente, a cada 15 de Agostos, quando Nossa Senhora percorre as ruas da vila e se cruza com cada olhar, espalhando o seu amparo e conforto por cada um de nós. Arruda é terra de Gente aficionada, cuja origem das manifestações taurinas se perde no tempo, existindo relatos que remontam aos finais do Séc. XV, inícios do Séc. XVI, por ocasião das festividades do Dia de Santiago.

    A afición (expressa de várias formas) de Arruda dos Vinhos também passa pela existência de Grupos de Forcados. Apesar do conhecimento difuso, pode-se dizer que o primeiro grupo (finais do Séc. XIX) não teve formato constante e organizado e só participava em ocasiões especificas, com base num grupo variável de amigos, tendo como fundador e cabo Armando Munhós Bastos da Fonseca. Posteriormente, existem também outros registos de outros “ensaios”, mas sempre esporadicamente e sem continuidade.

    O Grupo de Forcados Amadores de Arruda dos Vinhos surge em 2008; este sim, com um formato muito mais coeso e guiado por diretrizes que foram seguidas para o levar a bom termo. O cabo fundador, Paulo Lúcio (2008/2009), os seguintes, Edgar Lopes (2009/2010) e Sérgio Miguel (2011/2014), e o cabo actual Rodolfo Costa, conservaram e defenderam valores que têm permitido ao Grupo aprender e crescer com o intuito de assegurar o seu futuro.

    Esta edição assinala os 15 anos de existência do Grupo; uma aventura que já conta com muitos quilómetros de estrada percorridos, muitos desafios pelo meio – não fosse a própria pega um encontro imprevisível entre o animal e o homem - e com muitas histórias para contar, que ficam gravadas na memória de todos aqueles que tiveram valor para envergar a jaqueta de ramagens de Arruda dos Vinhos. (…)

    Nota Introdutória, por António Lúcio

    “Há mais de um ano que me propus escrever umas linhas sobre a história de 15 anos, ou sobre 15 anos de história, do Grupo de Forcados Amadores de Arruda dos Vinhos, uma visão na primeira pessoa, uma visão de dentro para fora, desta aventura iniciada a 2 de Abril de 2008 em Arruda dos Vinhos mas já suficientemente amadurecida para poder conhecer a luz do dia e ser anunciada à comunidade arrudense e ao Mundo da tauromaquia como uma realidade.

    Ter sido forcado e ter experienciado essa vivência única durante anos suficientes, conhecer um pouco do toiro e da sua psicologia, conhecer os terrenos dentro da praça e o seu peso relativo quando se elege um homem para pegar um toiro, deu-me conhecimentos suficientes para encarar este novo desafio com confiança e moraliza e mentalizar aqueles que se uniram a nós neste projecto de se tornou uma realidade e se foi consolidando com o tempo.

    Os primeiros anos foram de esforço, sangue, suor e lágrimas e muitos milhares de quilómetros percorridos atrás desse sonho. Um dos momentos altos foi a conquista do “Certamen de Rejoneo Ciudad de Atarfe” transmitido pelo Canal Sur e onde assinámos destacadas actuações, com final completamente esgotada.

    Em termos de filosofia de Grupo, ser forcado é muito mais que vestir uma farda, que citar um toiro, bater-lhe as palmas e fechar-se à córnea ou à barbela, ou pegar de cernelha.

    Ser forcado é uma atitude para a vida inteira: aprender a enfrentar os desafios de frente, a resolver os problemas com honradez e dignidade, a nunca abandonar os companheiros que com ele partilham todos os momentos de uma vida dentro e fora das arenas. É uma, ou são muitas, as ligações que se criam para uma vida inteira.

    Os aplausos do público, o ramo de flores, o leque ou até, por vezes, um objecto religioso que alguém da bancada lhe dirige, esse, para além do ter dominado o toiro, é o grande prémio do forcado.

    E a humildade estará sempre presente em todos os seus actos.(…)”