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    Opinião | “Sapatos há muitos seus palermas”

    No passado dia 1 de maio, feriado nacional que comemora o Dia do Trabalhador, desloquei-me à Centenária Praça de Toiros "José Varela Crujo", em Beja, para assistir à tradicional corrida de toiros por ocasião da Ovibeja.

    Corrida que tinha como atrativo a passagem do comando dos Amadores de Beja do Miguel Sampaio para o Francisco Patanita.

    Uma corrida que me surpreendeu pela adesão de público apesar do tempo frio e instável, mas também me surpreendeu positivamente pela quantidade de jovens nas bancadas.

    Mas quero deixar um apontamento que me desagradou muito, que foi a quantidade de ténis e sapatos que são jogados para a arena aos artistas, quando este dão as voltas triunfais, sejam eles cavaleiros, forcados, bandarilheiros ou outros. 

    As voltas devem ser acompanhadas de palmas, música, e para demonstrar carinho e reconhecimento pelas lides, ou pegas, deverão ser oferecidas flores aos triunfadores, e os homens costumam mandar os chapéus como forma humilde de reconhecimento do mérito alcançado pelos intervenientes. Pois era um hábito muito antigo, quando todos os homens usavam chapéu, de tirar o chapéu como forma de respeito. As mulheres atiravam aos artistas os seus xailes e lenços. 

    Mas na época dos tik-toks, a moda parece que virou atirar nas voltas à arenas os All-Stars, Stan Smith, ou os Apaches. 

    Há religiões que o gesto mais ofensivo que lhes podem fazer é atirar sapatos, por cá a liberdade e o mau gosto permite que se atirem sapatos como expressão de contentamento, atitude que pode até colocar em causa a integridade física de artistas e espetadores. 

    Ainda vamos a tempo de ensinar às novas gerações um pouco dos ensinamentos que tivemos dos mais velhos, não fosse a tauromaquia uma forma de passar conhecimentos e tradições, e que voltem as flores a colorir as praças porque sapatos há muitos seus palermas. 

    Texto: Vitor Morais Besugo

    Fotografia: José Canhoto/DR