Toureio a Pé regressou em grande plano à Nazaré
O fenómeno Nazaré merece um estudo cuidado por parte de sociólogos, etnólogos e outros estudiosos de comportamento de massas pela genuinidade e alegria contagiante das manifestações de apoio aos toureiros durante toda a corrida. É algo que deixa marcas em quem visita a Nazaré a sua lindíssima praça de toiros. E o toureio a pé esteve em grande plano nesta grande aposta de Rui Bento e da Confraria com a contratação do triunfador de Madrid Bora Jiménez e da esperança novilheiril portuguesa Tomás Bastos.
Abriu praça António Ribeiro Telles frente a um exigente toiro de Condessa de Sobral que nunca se entregou e criou os seus problemas, bem resolvidos por António numa lide onde teve um segundo comprido muito bom e cumpriu nos curtos onde se regista, apesar de tudo, um toque e um falhanço logo a abrir a série de curtos. Actuação meritória.
António Telles filho triunfou claramente na parte equestre frente a um Condessa que também não facilitou. O terceiro comprido é de muito boa execução assim como os curtos rematados com um de palmo.
Na lide a duo com que encerrou a corrida, o pai deu primazia ao filho que a aproveitou da melhor forma para se exibir a bom nível e sair em plano de triunfo.
Para pegarem os 3 Condessa de Sobral saltaram à arena os Forcados Amadores de Vila Franca, onde há a lamentar a lesão de Rafael Plácido na única tentativa que efectuou ao que abriu praça sendo emendado à 1ª e numa rija cara por André Câncio, seguindo-se Vasco Carvalho numa rija cara à 1ª, assim como Lucas Gonçalves no que encerrou praça.
Borja Jiménez mostrou-se muito placeado e com um interessante conceito de toureio, com bons quites de capote, por verónicas e chicuelinas, ou numa larga cambiada de joelhos e boas verónicas no seu segundo, saindo também ao quite dos dois de Tomás Bastos. Com a muleta esteve francamente bem, templando e mandando, ligando bem os muletazos em ambos os oponentes, alguns com grande profundidade, largos, e rematados com classe e toreria. Esteve entregado em ambos os toiros, de distintas condições de lide, e o público reconheceu a sua entrega.
O novilheiro português Tomás Bastos esteve bem e variado de capote recebendo o seu primeiro com belas verónicas e boas chicuelinas, repetindo as chicuelinas no seu segundo. Bandarilhou com acerto e eficácia, com destaque para o último par que foi muito bom e fortemente aplaudido pelo público. Com a muleta esteve em bom plano, para um novilheiro, mostrando qualidade e entendimento de terrenos e distâncias com alguns muletazos muito bons por ambos os pitóns. No seu segundo tem uma série pelo lado direito em que deixou a muleta sempre na cara do toiro, que foi de muita qualidade e exposição. Boa noite de toureio de Bastos na Nazaré.
Os toiros, de Condessa de Sobral e de Manuel Veiga tiveram os seus problemas mas também ajudaram à boa qualidade do espectáculo no geral.
Dirigiu o espectáculo Ana Pimenta assessorada pelo veterinário Jorge Moreira da Silva.
Texto e foto: António Lúcio